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Domingo de Ramos - C 16


Hosana nas alturas. “Cheia de alegria”, a multidão recebe Jesus em Jerusalém, reconhecendo-o como o Messias, em conformidade à profecia de Zacarias. Entra na cidade montado num “jumentinho”. Acolhamos este Homem extraordinário e vamos segui-lo, tendo em mãos os ramos de oliveira. Ele é o nosso Rei.

Entrada messiânica do Senhor em Jerusalém: Lucas 19,28-40

1ª leitura: “Não desviei o rosto de bofetões e cusparadas (...) sei que não sairei humilhado” (Isaías 50,4-7)

Salmo: Sl 21(22) - R/ Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?

2ª leitura: “Humilhou-se a si mesmo: por isso, Deus o exaltou” (Filipenses 2,6-11)

Evangelho: Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo (Lucas 22,14-71; 23,1-16.18-56: breve 23,1-49)

 

Partir para a glória

Os três primeiros evangelhos (os "sinóticos") relatam uma viagem apenas, feita por Jesus, até Jerusalém. De fato, foi na Galileia que Jesus se deu a conhecer, manifestando-se publicamente em palavras e atos e conquistando as multidões. Tão logo um conjunto numeroso de pessoas está pronto para segui-lo, reconhecendo ser ele o Messias, toma o caminho até Jerusalém e temos a Páscoa. A vantagem deste esquema, adotado pelos evangelistas, é que nos faz assistir a uma rápida e progressiva aceitação de Jesus, por parte do povo, correlata ao crescimento das hostilidades, por parte dos responsáveis religiosos. Ali, às portas de Jerusalém, muitos eram os que, como os discípulos de Emaús, acreditavam ser ele "que foi profeta poderoso em obras e em palavras (...) quem libertaria Israel". Sabemos bem como se dão essas coisas com os homens providenciais, com os chefes carismáticos... E Jesus consente nesta "entrada festiva" que lhe foi preparada. De fato, se fosse um desconhecido, perdido no meio da massa, um homem comum, a demonstração que irá se seguir não poderia ter acontecido: foi preciso ser alguém reconhecido como Senhor, que se tivesse feito servidor. Em lugar de uma entronização, haverá o processo e o suplício. E, no entanto, será esta exatamente a entronização (como dizia a antiga liturgia, Deus reinou pelo madeiro da cruz); o suplício de Cristo será a verdadeira tomada do poder. Um poder real, mais real do que o dos "grandes deste mundo". Os discípulos que seguiam Jesus com os ramos nas mãos (não com armas) estavam dando início à glória, mas uma glória cuja natureza sequer podiam suspeitar.

Quando o Mais Alto desce ao mais baixo

Foi preciso, pois, que Jesus se apresentasse como Rei, para que, depois, num segundo momento, mostrasse que ser rei não é o que se crê. Aí, então, a glória que será sua na Ressurreição não terá qualquer ambiguidade: será a glória "do cordeiro que foi imolado". O relato da Última Ceia dá o sentido dos acontecimentos que irão se seguir: Jesus, Mestre e Senhor vai fazer-se prisioneiro dos homens, para tornar-se um só com todos os que são imolados pela cobiça, pela vontade de dominar e pela inveja, no mundo todo e ao longo de toda a história. E aí, a Encarnação, mergulhada na condição humana, encontra a sua perfeição. Mas a carne crucificada fez-se alimento, o pão para uma vida eterna. A vida que lhe queriam tirar, eis que antes mesmo Jesus a entregou, tornando inútil e ridículo o ato predador. Nos relatos da Paixão, o verbo "entregar" retorna muitas vezes; a propósito de Judas, dos sumos sacerdotes, de Pilatos. Pois bem, antes mesmo de quem quer que seja que o entregue, é o próprio Jesus quem se entrega: "este é o meu corpo, entregue por vós" (Lucas 22,19). "A vida, ninguém a tira de mim, mas eu a dou livremente..." (João 10,17-18). Devemos entender que a mola propulsora de tudo isto é o amor, este amor que quer que o Cristo nos venha desposar, fazer-se um só conosco - uma só carne - em nossa maior angústia e desespero. Por mais longe que possamos ir, por mais baixo que possamos descer, nunca estamos sós: Cristo está aí, conosco, nos infernos mais profundos.

A vitória da Cruz

O tempo pascal nos dará ocasião de falar com mais vagar sobre a vitória de Cristo, à luz da Ressurreição. Por enquanto, limitemo-nos a constatar que a própria cruz representa uma vitória. Se bem que a Ressurreição já está, ainda que bem escondida, presente na Paixão. De fato, caminhando voluntária e livremente para a sua condução à morte, Jesus toma o poder sobre tudo o que, no homem e entre os homens, é raiz de conflito: o desejo de viver a qualquer preço, a recusa do sofrimento, o culto da honorabilidade, a exigência de respeito, a vontade de se impor... Jesus entrega-se sem restrição e, ao fazer isto, "condena o pecado na carne" (Romanos 8,3): em sua própria carne, em sua humanidade. Como quando das tentações, no relato que abre a sua vida pública, domina sobre tudo o que, nele, sugere poder e dominação. Diante da "sabedoria do mundo", ele faz luzir a sabedoria das Bem Aventuranças. Elevando-se, assim, acima de tudo o que, por sob a máscara do que é bem e do que é bom, produz a nossa desgraça. Dirão alguns que esta vitória não era difícil, por ser ele o Filho de Deus. Falar isto é esquecer que Deus "enviou o seu próprio Filho em carne semelhante à carne do pecado" (Romanos 8,3). E assim, continua Paulo, cumpre-se em nossa carne, que é também carne de Cristo, a Justiça de Deus. Sabemos que o pecado bíblico culmina no assassinato: pois, ao aceitar o assassinato perpetrado contra si mesmo, Cristo elevou-se acima dele. Onde avultou o pecado, o amor superabundou (Romanos 5,20).

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara) 

 

Que faz Deus numa cruz?

Segundo o relato evangélico, os que passavam ante Jesus crucificado sobre a colina do Gólgota escarneciam dele e, rindo-se da sua impotência, diziam-lhe: «Se és o Filho de Deus, desce da cruz». Jesus não responde à provocação. Sua resposta é um silêncio carregado de mistério. Precisamente porque é Filho de Deus permanecerá na cruz até a sua morte.

As perguntas são inevitáveis: Como é possível acreditar num Deus crucificado pelos homens? Damo-nos conta do que estamos dizendo? Que faz Deus numa cruz? Como pode subsistir uma religião fundada numa concepção tão absurda de Deus?

Um «Deus crucificado» constitui uma revolução e um escândalo que nos obriga a questionar todas as ideias que nós nos fazemos de um Deus a quem supostamente conhecemos. O Crucificado não tem o rosto nem os traços que as religiões atribuem ao Ser Supremo.

O «Deus crucificado» não é um ser onipotente e majestoso, imutável e feliz, alheio ao sofrimento dos humanos, mas um Deus impotente e humilhado que sofre conosco a dor, a angústia e até mesmo a morte. Com a Cruz, ou termina a nossa fé em Deus, ou nos abrimos a uma compreensão nova e surpreendente de um Deus que, encarnado no nosso sofrimento, nos ama de forma incrível.

Ante o Crucificado começamos a intuir que Deus, no seu último mistério, é alguém que sofre conosco. A nossa miséria o afeta. O nosso sofrimento o salpica. Não existe um Deus cuja vida transcorre, por assim dizer, à margem das nossas penas, lágrimas e desgraças. Ele está em todos os Calvários do nosso mundo.

Este «Deus crucificado» não permite uma fé frívola e egoísta num Deus onipotente a serviço dos nossos caprichos e pretensões. Este Deus nos põe a olhar para o sofrimento, o abandono e o desamparo de tantas vítimas da injustiça e das desgraças. Com este Deus encontramo-nos, quando nos aproximamos do sofrimento de qualquer crucificado.

Os cristãos continuam a tomar todo o gênero de desvios para não dar com o «Deus crucificado». Temos aprendido, inclusive, a levantar o nosso olhar para a Cruz do Senhor, desviando-a dos crucificados que estão ante os nossos olhos. No entanto, a forma mais autêntica de celebrar a Paixão do Senhor é reavivar a nossa compaixão. Sem isto, dilui-se a nossa fé no «Deus crucificado» e abre-se a porta a todo o tipo de manipulações. Que o nosso beijo ao Crucificado nos leve sempre a olhar para quem, próximo ou afastado de nós, vive sofrendo.

José Antonio Pagola


 

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