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Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra! (Lc 1,38).
Santo Ambrósio de Milão
Que humildade e que devotamento, este de Maria! Ela se diz simples serva do Senhor, no momento mesmo em que foi escolhida para ser a sua Mãe! E uma promessa tão imprevista como esta não deixou nela, absolutamente, nenhum traço de vanglória. Diz apenas ser serva; não reivindica para si nenhum privilégio em razão desta graça. Deseja somente uma coisa: fazer o que lhe foi mandado.
Deve fazer vir ao mundo Aquele que é doce e humilde. Como poderia não dar ela mesma prova de humildade? Sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra! (Lc 1,38). É esta a sua obediência; é este o seu desejo: ser serva, disposta inteiramente a servir.
Acolher a Palavra é a sua única aspiração. Tanto que, até diante de situação tão excepcional, a Virgem Maria acredita imediatamente! E o que há, no entanto, de mais desproporcional do que o seu corpo em relação ao Espírito Santo? O que de mais extraordinário do que o fato de uma virgem tornar-se fecunda, a despeito de tudo? Da Lei, dos costumes, do pudor instintivo próprio de uma virgem? Sara foi repreendida porque rira da promessa de Deus.
Maria parece não ter duvidado absolutamente, mesmo tendo levantado esta questão: Como acontecerá isso se eu não conheço homem algum? (Lc 1,34). É certo que creu, pois perguntou simplesmente como isto poderia se realizar. Também mereceu, em seguida, ouvir Isabel lhe dizer: Feliz és tu por acreditares no que te foi dito da parte do Senhor! (Lc 1,45).
Sim, Maria estava verdadeiramente feliz por tê-lo levado até ao sacerdote Zacarias: aquele mesmo a quem havia faltado fé. Maria corrigiu-lhe este erro. Como, enfim, desejoso de resgatar o mundo, não teria o Senhor inaugurado esta sua obra na própria Maria, que foi a primeira a acolher o Filho e o seu fruto da salvação?
Meditação: a Mãe dos viventes e da Igreja
Por Hugo Rahner, jesuíta: A primeira palavra que Deus pronunciou, diante da porta já trancada do paraíso, anuncia a única Mulher que jamais foi sujeitada a Satã.
A primeira palavra que Deus, já disposto à misericórdia, pronunciou diante da porta trancada do paraíso, anunciou-a a única Mulher que jamais esteve sujeita a Satã: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela" (Gn 3,15).
Esta Mulher é, em primeiro lugar, Eva, a resgatada, sobre quem adveio a Promessa inédita segundo a qual de sua raça é que viria o Redentor. Mas só podemos compreender as profundezas desta profecia se, em Eva, vimos já designada por antecipação a outra Mãe dos viventes, que deverá pôr no mundo, de sua própria carne, o Cristo Redentor.
Naquele momento já, dizia santo Agostinho, Maria estava implicada em Eva, mas foi somente por Maria que nos foi revelado o que era Eva (Sermão 102). A Mulher que esmagou a cabeça da serpente é a Mãe do Deus feito homem. O Cristo, Filho da Mulher assim anunciada, triunfará de Satã, pois, como canta santo Efrém, o Sírio, o Senhor o proclamou: "Satã foi precipitado para fora do céu... Maria o calca com os pés, ele que, antes, ferira Eva no calcanhar. Bendito seja Aquele que esmagou o inimigo" (Hino n° 2).
Este mistério da Conceição Imaculada de Maria não é só um privilégio pessoal e gratuito da futura Mãe de Deus. Maria é nisto a figura da Igreja. Porque na Igreja se realiza e se cumpre verdadeiramente o que, por benefício antecipado da Redenção devido à morte do Cristo, foi realizado na Conceição de Maria: a volta da raça de Adão à vida, com o Pai, pelo Filho e no Espírito Santo. A Igreja é também ela, portanto, esta Mulher em quem se completa Eva e Maria: vitoriosa no combate da história e triunfante no final dos tempos.
Uma meditação espiritual de Hugo Rahner, SJ
(Tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara)