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10º Domingo do Tempo Comum C 16


Jovem, Levanta-te!

Depois da Palavra do Messias-Profeta endereçada a um pagão, temos hoje sua Palavra dirigida ao filho da viúva de Naim: "Jovem, eu te ordeno, levanta-te!" Palavra que faz o mesmo anúncio do profeta Elias, na 1ª leitura: "Eis aqui o teu filho vivo!" Este é o Domingo do novo Elias, o Domingo da nova Páscoa!

1ª leitura: «Eis aqui o teu filho vivo!» (1 Reis 17,17-24)

Salmo: 29(30) - R/ Eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte!

2ª leitura: «Deus se dignou revelar-me o seu Filho, para que eu o pregasse entre os pagãos» (Gálatas 1,11-19)

Evangelho: «Jovem, eu te ordeno, levanta-te!» (Lucas 7,11-17)

Uma mulher aos prantos

No evangelho do domingo passado, vimos o centurião romano manifestar a sua fé: uma fé na presença de Deus, em Cristo, que é quem tem o domínio sobre a morte. A fé do centurião havia realizado, ela mesma, a cura do seu empregado. Cristo se contentara com admirar a sua fé. Mas, aqui, não é nada disto. A fé da viúva não é posta em questão. Ela não pede nada. Caminha apenas, junto com “grande multidão”, até ao lugar da sepultura. Se estas pessoas acreditavam em alguma coisa, era precisamente na vitória da morte sobre o filho da viúva, que está aos prantos. Nada mais lhe resta. Após ter perdido o companheiro, perde agora o seu único filho. Tudo o que fizera a vida toda, tudo o que havia construído, desapareceu. A pagã, da primeira leitura, e a judia, do evangelho, estão situadas na mesma rubrica. Da mesma forma, a humanidade toda, que estas mulheres representam, está privada do Pai, a fonte da sua fecundidade, e só se procria para a morte.

A piedade de Cristo

No episódio do centurião, Jesus havia experimentado a admiração. Agora, experimenta a piedade. Não podemos esquecer que estas atitudes de Jesus revelam o que há em Deus com relação a nós. Muito se critica a piedade, por ser não só ineficaz, mas também condescendente. Condescender significa, no entanto, «descer até ficar junto», ou seja, exatamente o que Deus fez na Encarnação e na Paixão. A piedade de Cristo coloca-o junto da viúva. E a sua piedade não é ineficaz, pois trouxe a vida onde havia a morte. Como é preciosa a piedade de Deus, que atua até mesmo sem a nossa fé! O sofrimento que o nosso pecado trouxe ao mundo, só ele basta, para provocar o ato criador de Deus. Eis aqui, ao lado da viúva, junto com ela, um Novo Homem, no qual reside a Palavra-Semente (Mateus 13,18-23), fonte de toda vida. A viúva irá encontrar seu fruto, o seu filho vivo.

Filho único

A nossa relação com Cristo recapitula e realiza as relações humanas todas, que são sinal e ilustração da Aliança. Desta forma, Jesus é o esposo da humanidade (Efésios 5,25-33), é quem lhe confere a fecundidade. Ele é, ao mesmo tempo, o Filho do Homem, o Filho único, o último fruto da humanidade: o Homem Novo. Mantém aqui, junto da viúva, o lugar do esposo, que lhe dá o filho, e também o do filho. A criança que lhe foi restituída é, com efeito, uma imagem do Cristo ressuscitado: «Deus visitou o seu povo» assim como o homem visita a mulher, e o fruto desta aliança é também Deus. Deus junto com o homem, num abraço indissolúvel, que supera a nossa morte. Somos, todos juntos, o Cristo. E este corpo novo é o que foi gerado pela Páscoa. A multidão que levava o morto para fora da cidade já pode fazer meia volta e, junto com a multidão dos vivos que acompanham o Cristo, entrar nesta nova Jerusalém, o Templo da vida.

Jesus e a viúva

A mulher da primeira leitura insurge-se contra a morte e lança uma invectiva contra o profeta. O centurião de Cafarnaum era mais calmo, mas encaminhou uma demanda em seu nome; uma demanda que continha toda a fé do mundo. A viúva de Naim, no entanto, nada fez e nada disse: tudo partiu de Jesus. Em momento algum se falou da sua fé. O centurião tinha "méritos" (versículos 4-5). Não era o caso da viúva. A única coisa que tem a seu favor é sua aflição muda. Este milagre, portanto, não tem explicação alguma, para além do que se dá em Cristo; em Deus, enfim. Temos aí uma demonstração do que Paulo irá explicar ao longo das suas cartas: a salvação nos vem de Deus gratuitamente, sem que possamos nos prevalecer seja do que for para justificá-la. A fé, aqui, não está certamente ausente, mas não precede a ação salvífica de Cristo. A fé vem em sequência à sua ação. Somente no final é que todos dizem: "Deus visitou o seu povo." Sendo assim a fé em si mesma é fruto da salvação, da ação de Deus em nós e por nós. Deus nos ama porque Ele é amor, e não porque mereçamos ser amados. Este amor gera em nós a vida. Temos de acolher isto com fé. Este acolhimento é o único meio de deixar que este amor realize em nós a sua obra de ressurreição. Isto vale para todas as situações mais ou menos mortais que a existência nos faz atravessar.

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara)

 

O sofrimento deve ser levado a sério

Jesus chega a Naim quando na pequena aldeia está ocorrendo um acontecimento muito triste. Jesus vem a caminho, acompanhado dos seus discípulos e de uma grande multidão. Da aldeia sai um cortejo fúnebre a caminho do cemitério. Uma mãe viúva, acompanhada pelos seus vizinhos, leva a enterrar o seu único filho. Em poucas palavras nos Lucas descreve a trágica situação da mulher. É uma viúva, sem esposo que a cuide e a proteja naquela sociedade controlada por homens. Ficava-lhe apenas um filho, mas também este acaba de morrer. A mulher não diz nada. Só chora a sua dor. Que será dela? O encontro foi inesperado. Jesus vinha para anunciar também em Naín a Boa Nova de Deus. Qual será sua reação? Segundo o relato, «o Senhor a olhou, comoveu-se e lhe disse: Não chores». É difícil descrever melhor o Profeta da compaixão de Deus. Não conhece a mulher, mas olha-a detidamente. Capta sua dor e solidão, e comove-se profundamente. O abatimento daquela mulher chega ao seu interior. Sua reação é imediata: «Não chores». Jesus não pode ver ninguém chorar. Necessita intervir. Não pensa duas vezes. Aproxima-se do féretro, detém o enterro e diz ao morto: «Jovem, eu te digo, levanta-te». Quando o jovem se reincorpora e começa a falar, Jesus «entrega-o à sua mãe» para que deixe de chorar. De novo estão juntos. A mãe já não estará só. Tudo parece simples. O relato não insiste no aspecto prodigioso do que acaba de fazer Jesus. Convida seus leitores a verem nele a revelação de Deus como Mistério de compaixão e Força de vida, capaz de salvar inclusive da morte. É a compaixão de Deus que faz de Jesus tão sensível ao sofrimento das pessoas. Na Igreja temos de recuperar quanto antes a compaixão como o estilo de vida próprio dos seguidores de Jesus. Temos que resgatá-la de uma concepção sentimental e moralizante que a desprestigiou. A compaixão que exige justiça é o grande mandato de Jesus: «Sede compassivos como o vosso Pai é compassivo». Esta compaixão é hoje mais necessária do que nunca. Desde os centros de poder, tudo é tido em conta antes do sofrimento das vítimas. Trabalha-se como se não houvesse dores nem perdedores. Das comunidades de Jesus tem de se escutar um grito de indignação absoluta: o sofrimento dos inocentes deve ser levado a sério; não pode ser aceito socialmente como algo normal, pois é inaceitável para Deus. Ele não quer ver ninguém chorando.

José Antonio Pagola


 

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