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19º Domingo do Tempo Comum C 16


Ficai preparados!

A liturgia de hoje nos recorda a importância e a alegria da espera: o Senhor há de voltar, mas nós o possuímos desde já. E Ele nos enche de felicidade: «O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem!»

No domingo passado, fomos convidados a nos libertar da vontade ilusória de fundar nossas vidas nos «bens» que acumulamos. Hoje, as leituras nos apresentam dois temas que, finalmente, acabam por se encontrar: o da nossa condição de nômades, na segunda leitura, e o da espera vigilante, no evangelho. É que, na verdade, as imagens que usamos para nos aproximarmos do mistério da nossa existência são todas insuficientes, exigindo para isso serem tomadas em conjunto. Jesus, nos evangelhos, não tem onde repousar a cabeça. Está sempre na estrada, a caminho, e as suas paradas duram muito pouco. Revive quanto a isto, levando até ao seu termo, tudo o que viveram os seus ancestrais. Em parte alguma, vamos encontrar Abraão, Isaac e Jacó em suas casas. E quando os Hebreus se instalaram na Terra prometida, não seria por muito tempo: seguiu-se a divisão das tribos nos dois reinos, a deportação para a Babilônia, a dominação dos Persas, dos Gregos e, finalmente, dos Romanos. Desta forma, o povo eleito revela o que caracteriza a nossa condição humana: estamos todos de passagem. Por isso não devemos considerar as nossas moradas como definitivas e nem nos sobrecarregarmos com bagagens excessivas. O Cristo itinerante, através de sua Páscoa, nos dita a palavra final do que temos de atravessar, a última «passagem» para o paraíso perdido, e agora encontrado. A nossa fé gera assim a esperança; a espera do que vem e para o qual estamos indo.

A espera

O evangelho, a uma primeira vista, não segue o sentido acima indicado. De fato, temos aí servidores - ou empregados - que ficam em casa, enquanto o seu empregador partiu para as núpcias. Também nós, agora, somos sedentários, assim como este «pessoal de casa». O que se quer destacar aí é a qualidade da espera. Hoje estamos aqui, habitando um universo em que Deus não é perceptível aos nossos sentidos. Os servidores da parábola sabem que o senhor voltará. Mas quando? E nós aqui sozinhos, ao menos na aparência! Cristo despareceu «nos céus». Não está mais aqui conosco, exceto através do povo crente, o seu «corpo». Deus, com efeito, por seu Espírito, nos visita desde então, mas só podemos acolhê-lo pela fé, por nossa atitude de abertura, de espera, assinalando não nos sentirmos preenchidos pelo que a vida nos dá neste momento. Eis nos aqui desinstalados do nosso presente e voltados para o que vem, e isto nos faz encontrar a nossa condição de «nômades». Não podemos nos deixar instalar na clausura da ausência, para simplesmente «comermos, bebermos e embriagarmo-nos», ou seja, em resumo, vegetarmos. O evangelho insiste na imprevisibilidade do retorno de Deus. Devemos por isso abrirmo-nos a Ele desde agora. «Agora e na hora da nossa morte». Podemos de fato agora passar-nos para Deus e viver por antecipação o nosso último encontro.

Deus servidor

Como esperar por Deus? Fazendo o nosso trabalho; distribuindo aos outros «a sua ração de trigo». Desde Gênesis 1, a gestão deste mundo nos foi confiada. Trata-se de construir um mundo conforme o amor e a justiça; um mundo à imagem de Deus. Somos todos administradores, fiéis ou infiéis. Na parábola, o patrão, ao voltar, põe o gerente desonesto «entre os infiéis». Mas, de fato, este homem mesmo foi que se pôs ali: o julgamento não é mais do que uma constatação. Sabemos, por outro lado, que até ele próprio será «resgatado». Deus, em Cristo e por Cristo, irá tomar lugar entre os infiéis, sendo crucificado entre dois malfeitores. Esta parábola nos apresenta uma imagem inverossímil, a respeito da qual não há porque passar depressa demais: a do mestre que se veste com roupa de trabalho para servir à mesa os seus servidores. Pensemos no Lava-pés, de João 13. Por fim, o alimento que Deus nos serve é Ele mesmo. Deus a nosso serviço! Aí está o que muda totalmente a imagem que fazemos de Deus. Estamos assim engajados numa espécie de competição em assunto de serviço: só podemos existir sendo imagem e semelhança de Deus, assumindo, portanto, da nossa parte, a função de servidores. Quando nos lembramos até que ponto o Cristo chegou, corremos o risco de achar isto terrível e de nos desencorajarmos. Aí a fé deve se revelar: Deus haverá de pôr-se ao nosso serviço, inspirando-nos no que devemos fazer, na coragem necessária para cumpri-lo, na alegria e no reconhecimento que nascem do acesso à nossa verdade.

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara)

 

Necessitamos dos leigos mais do que nunca

As primeiras gerações cristãs viram-se muito rapidamente obrigadas a colocar-se uma questão decisiva. A vinda de Cristo ressuscitado demorava mais do que se tinha pensado de início. A espera tornava-se longa. Como manter viva a esperança? Como não cair na frustração, no cansaço ou no desalento?

Nos evangelhos encontramos diversas exortações, parábolas e chamadas que só têm um objetivo: manter viva a responsabilidade das comunidades cristãs. Uma das chamadas mais conhecidas diz assim: «Estejam com os rins cingidos e as lâmpadas acesas». Que sentido podem ter estas palavras para nós, depois de vinte séculos de cristianismo?

As duas imagens são muito expressivas. Indicam a atitude que hão de ter os criados que, de noite, estão à espera de que regresse o seu senhor, para abrir-lhe o portão da casa quando ele chamar. Deverão com «os rins cingidos», quer dizer, com a túnica arregaçada para poderem mover-se e atuar com agilidade. Deverão estar com «as lâmpadas acesas» para ter a casa iluminada e manterem-se despertos.

Estas palavras de Jesus são também hoje uma chamada a viver com lucidez e responsabilidade, sem cair na passividade ou na letargia. Na história da Igreja há momentos em que se cai a noite. No entanto, não é a hora de apagar as luzes e nos pormos a dormir. É a hora de reagirmos, despertar a nossa fé e seguirmos caminhando para o futuro, inclusive numa Igreja velha e cansada.

Um dos obstáculos mais importantes para impulsionar a transformação de que necessita hoje a Igreja é a passividade generalizada dos cristãos. Desgraçadamente, durante muitos séculos temos educado, sobretudo, para a submissão e a passividade. Todavia hoje, às vezes parece que não precisamos pensar, projetar e promover caminhos novos de fidelidade para Jesus Cristo.

Por isso temos de valorizar, cuidar e agradecer tanto o despertar de uma nova consciência em muitos laicos e laicas que vivem hoje sua adesão a Cristo e sua pertença à Igreja de um modo lúcido e responsável. É, sem dúvida, um dos frutos mais valiosos do Vaticano II, primeiro concílio que se ocupou direta e explicitamente deles.

Estes crentes podem ser hoje o fermento de paróquias e comunidades renovadas para seguirmos fiéis a Jesus. São o maior potencial do cristianismo. Necessitamos deles mais do que nunca para construir uma Igreja aberta aos problemas do mundo atual, e próxima dos homens e mulheres de hoje.

José Antonio Pagola


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