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A Relação entre Fé e Razão
A relação entre fé e razão sempre foi objeto de investigação dos estudiosos tanto da área da filosofia quanto da teologia. Tal investigação é profundamente marcada pelo academicismo praticamente inacessível aos mortais comuns por isso ela se expressa de forma popular e contemporânea na relação entre ciência e religião. E, neste sentido, é bom começar com a famosa frase de Albert Einstein: “ The science without religion is lame and the religion without science is blind ( A ciência sem a religião é manca e a religião sem a ciência é cega).
O início das conquistas da ciência e, até hoje, o seu desenvolvimento estão marcados pela presença de religiosos. A grande revolução copernicana que orientou o sistema heliocêntrico de Galileu foi originada exatamente no sacerdote de Frauemburgo na Vármia, então pertencente à Polônia, o cônego Nicolau Copérnico. Foi um abade austríaco Gregório Mendel que fundou a genética moderna com as famosas “ leis de Mendel”. Foi um sacerdote inglês, Sir Thomas Robert Malthus, o precursor da doutrina econômica que reconhece o princípio da diferente proporção entre o crescimento em progressão geométrica da população e o crescimento em progressão aritmética dos recursos de subsistência. O resultado é um desequilíbrio insustentável justificando o necessário planejamento dos nascimentos. Além do fato de que existem outros tantos cientistas e pensadores de ontem e de hoje que, sem o mínimo dano à sua competência e autonomia, são religiosos, as rusgas entre a ciência e a religião são quase sempre superficiais e o mais das vezes fabricadas em função de interesses escusos.
O próprio “caso Galileu” é exemplo modelar. Galileu era um protegido das cortes pontifícias e só caiu em desgraça pelas intrigas dos acadêmicos das universidades de Paris, Graz, Salamanca entre outras. Causava ciúmes o fato de que o prestígio do Papado naquela época barroca estava se dando às custas das novas descobertas e da ciência que despontava em detrimento dos pensadores das áreas filosóficas e teológicas que perdiam prestígio. O positivismo instaurou-se no século XIX aproveitando a brecha deixada pelas disputas internas na Igreja com a idéia até hoje divulgada e aceita da total incompatibilidade entre a ciência e a religião. Este sentimento ainda retorna quando a instituição religiosa ousa exercer um papel de crítica a determinados resultados da ciência que podem se voltar contra o ser humano. Pois se a ciência tem que ser respeitada nos seus métodos e nas suas áreas de competência ela não é, por si mesma, boa ou má. Depende do uso que se faz de seus resultados. Por outro lado, nem todos os meios para se alcançar resultados são moralmente lícitos.
A filosofia e a teologia e outras áreas da antropologia, por terem uma visão global do ser humano e da realidade, têm por obrigação exercer um papel de crítica não à ciência em si e nem ao método da ciência em geral. Mas sim à aplicação dos seus resultados e aos meios usados para consegui-los.Tendo críticos em volta, a ciência busca caminhar com mais segurança e com a preocupação de contribuir para o bem da humanidade e não para destruí-la. Neste sentido, a própria ciência procura a colaboração de pensadores humanistas e religiosos. Mas é bom lembrar também que há religiosos e instituições religiosas que agem por preconceito e, ou negam, por princípio, a validade da ciência por afirmarem de maneira fundamentalista a supremacia da crença religiosa, ou tentam continuar a exercer um poder que deveria ser partilhado. São críticas moralistas e inconsistentes. Já dizia Hegel: “ A razão ( a ciência) tem objetivos comuns com a fé ( a religião) porque ambas buscam a verdade. E somente Deus é a Verdade”(Enc &1).
Padre José Cândido da Silva
Pároco da Igreja São Sebastião - Barro Preto
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