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O Poema da Criação
A história das origens nas escrituras judaico-cristãs nunca teve uma pretensão de demonstrar cientificamente o surgimento do universo e do ser humano. A consolidação das ciências empíricas, seus métodos e seus instrumentais investigativos só vieram a acontecer muito mais tarde, ainda que seu arcabouço intelectual esteja no germe do pensamento ocidental. A junção entre a cosmovisão bíblica e a racionalidade grega plasmou, em parte, a cultura ocidental e produziu o caldo necessário para o desenvolvimento do conhecimento científico. O Gênesis transmite-nos a verdade do amor de um Deus, Senhor da Vida. A linguagem do Livro das Origens é poética e não factual. A própria estrutura das frases o demonstra. Mas nem por isto deixa de transmitir uma verdade só possível de ser acolhida por quem tem a graça da fé. Os crentes não precisam disputar com os cientistas. Mesmo porque há crentes que são cientistas rigorosos. E na sua pesquisa científica não precisam da Bíblia para suas conclusões. E as suas conclusões não afrontam a verdade bíblica. São verdades de natureza diferente. Há equívocos tanto do lado daqueles fiéis que acham que a interpretação literal da Bíblia é necessária para sua profissão de fé quanto para os cientistas que acham que a Bíblia é um livro eivado de superstições e afirmações infundadas.
Crer ou não em um Deus que nos ama e que é criador e ordenador de tudo o que existe é uma premissa que somente se funda no misterioso recôndito da liberdade humana. Ainda que o ato de fé tenha fundamentos outros que não os da verificação experimental, trata-se, no entanto, originariamente, de uma aposta de impossível comprovação antecipada, a não ser pelas suas conseqüências existenciais posteriores. Quem não tem fé, com a ciência ou sem a ciência, sempre negará Deus e um sentido consistente para a história pessoal ou universal. No fundo, recusa-se não um “design inteligente” para o cosmos, mas para o próprio destino humano. Quem crê, opta pelo sentido das coisas e da vida e respeita profundamente as ciências experimentais e suas conclusões, desde que elas se mantenham nos estritos parâmetros de sua competência e métodos. Como na conclusão da fábula do pintor e do sapateiro: “ne, sutor, ultra crepidam judicare” (= não vá, o sapateiro, julgar além das sandálias)!
Padre José Cândido da Silva
Pároco da Igreja São Sebastião - Barro Preto
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