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Carisma e Instituição
A Igreja Católica sempre incluiu no seu seio numerosos tipos de comunidades, grupos, associações de fiéis leigos e clérigos motivados por desafios específicos da realidade e, principalmente, suscitados pela ação poderosa e eficaz do Espírito Santo. Nesta pluralidade de ofertas cada membro da Igreja pode escolher aquela que mais corresponde à sua sensibilidade humana e cristã. A instituição exerce, neste campo, um ofício extremamente delicado e necessário. Pois cabe a ela legitimar e harmonizar toda esta riqueza sem transformá-la em antagonismos deletérios e sem sufocar o que é verdadeiramente uma inspiração vinda do Espírito. Hoje mais do que nunca estamos lidando com esta realidade. Os fundamentos bíblico-teológicos estão postos: a dimensão trinitária da comunidade que acolhe as diferenças sem romper a unidade (Jo17,21-23); a palavra de Jesus que afirma existir na “casa do Pai muitas moradas” (Jo14,2); a exuberância das línguas numa só linguagem em Pentecostes (At2,4); a diversidade de membros e um só corpo e um só espírito na literatura paulina (1Cor 12,12). Sem dúvida, a Conferência de Aparecida, cujo documento ainda não o temos em definitivo, acompanhou a longa tradição da Igreja em consonância com os dados da Revelação, ao se pronunciar sobre este tema.
No entanto, nós vivemos engalfinhados em querelas internas, e legítimas para cada um dos lados envolvidos, mas danosas para a Igreja. Do lado de grupos e movimentos e comunidades pode surgir a tentação de quererem capitalizar a riqueza espiritual da Igreja para si próprios, reivindicando para o próprio grupo ou movimento a totalidade do ser cristão. Não se pode ignorar que na Igreja “há diversidade de dons e carismas mas um só e mesmo Espírito” (1Cor 12,4). O caso se torna mais complicado quando ministros, que têm uma atividade pastoral destinada a todos os fiéis, assumem um rosto exclusivo de ser Igreja. Os conflitos antes existentes com as ordens e congregações religiosas, que disputavam a primazia na Igreja, vão sendo superados. No entanto, surpreendi-me, certa feita, com um simpático e idoso franciscano italiano que, ao guiar um grupo de peregrinos pela patriarcal Basílica de São Francisco em Assis, na Itália, disse em alto e bom som que o admirado e mundialmente reconhecido, São Francisco, era superior, de certa forma, ao próprio Jesus!... Este foi um caso absolutamente isolado, mas, em relação aos grupos, comunidades e movimentos de fundação mais recente, o problema ainda persiste. É importante lembrar que esta é uma tentação de todos e não de alguns. Uma coisa é certa: a Igreja como um todo jamais sobreviveria sem estes grupos. E tais movimentos e comunidades que, como alguém já o disse muito bem, não devem ser percebidos como problemas mas como soluções, jamais seriam verdadeiramente eclesiais se não estiverem em comunhão afetiva e efetiva com a Igreja e seu Magistério.
Padre José Cândido da Silva
Pároco da Igreja São Sebastião - Barro Preto
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