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8º Domingo do Tempo Comum


“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus”.

Deus jamais nos abandona, pois Ele é nosso Pai. Neste domingo, o evangelho responde à questão posta na primeira leitura. Jesus dá como exemplo os lírios dos campos e os pássaros do céu. Mas, antes destes acenos ecológicos, profere uma sentença sem nenhuma ambiguidade: «não podeis servir a Deus e ao dinheiro.» O Senhor não condena o dinheiro, mas o deixar-se sujeitar pelo dinheiro que nos ameaça a todos.

1ª leitura: "Eu não me esquecerei de ti" (Isaías 49,14-15).

Salmo: Sl. 61(62) - R/ Só em Deus a minha alma tem repouso, só ele é meu rochedo e salvação.

2ª leitura: "O Senhor iluminará o que estiver oculto nas trevas e manifestará os desígnios dos corações" (1Cor 4,1-5).

Evangelho: "Não vos preocupeis com o dia de amanhã" (Mateus 6,24-34).

Com quem podemos contar?

Confessemos que as palavras de Jesus, no evangelho de hoje, nos deixam desconcertados. Como não nos preocuparmos com a nossa vida? E as pessoas, então, que hoje moram nas ruas, como poderiam não se preocupar com o local onde passarem a noite? Quantos não remexem o lixo, em busca de alimento? Será que também estes podem contar com Deus? Sem dúvida, mas sabemos que Deus colocou o mundo nas mãos do homem. E somos nós que devemos nos encarregar de deixar passar através de nós, por nossos pensamentos e ações, o seu amor para com os outros. Por causa da nossa inércia e pelas reticências da nossa liberdade diante de tantos sofrimentos é que estamos todos em perigo. Em perigo de quê? Do aumento de quantos caem hoje na miséria e, por fim, do risco de morte. Nós, contudo, sentimo-nos seguros? Tanto melhor! Mas também os moradores de Bento Rodrigues, em Mariana, sentiam-se seguros, até que o lugar fosse arrastado pela lama... Quantos se levantam pela manhã, para uma jornada inteira sem história, e à noite não voltarão para sua casa? Muitos se refugiam no culto ao conforto e na segurança depositada em suas contas bancárias... «Insensato! Nesta mesma noite te será exigida a tua vida!» Jesus diz que o dinheiro não pode coisa alguma em nosso favor, porque não pode nos proteger da morte. Mas isto não nos impede de, com frequência, «servir a dois senhores». «Senhor», aqui, é aquele que colocamos acima de todas as coisas, inclusive de nós mesmos, e em quem depositamos igualmente toda a nossa confiança. É verdade que muitas vezes temos o coração dividido, o que é o contrário do «coração puro». «O nosso coração está em Deus», sem dúvida, mas... É essencial que nos interroguemos a respeito de nosso desejo mais profundo. O que queremos realmente? O que de fato estamos esperando? Se a resposta não nos satisfaz, não vamos ter medo, mas confiemos no Espírito que nos habita. Ele mesmo, desde já, é quem nos faz descobrir a nossa dubiedade. Só Ele pode nos curar.

E Deus, como Ele é?

Imediatamente após ter dito que não se pode servir a dois senhores, Jesus nos convida a não nos preocuparmos com a nossa vida, que depende do alimento, nem com o nosso corpo, a ser protegido pelas roupas. E acrescenta que ninguém poderá prolongar a própria existência «só pelo fato de se preocupar com isto». Ao falar do alimento e da roupa (se fosse hoje, falaria também, com certeza, em habitação), está nos falando, enfim, da vida ou da morte. Esta é a «preocupação» fundamental que se esconde sob todas as nossas pequenas preocupações familiares. Podemos também reconhecê-la, entre outras coisas, no culto ao dinheiro. Por medo de não existir ou de existir, mas não suficientemente. Vontade de se instalar, de brilhar, de construir imóveis ou empreendimentos que, em princípio, sobreviverão a nós e que, talvez, levarão o nosso nome… Mas, ao contrário, eis-nos aqui convidados a viver no presente: a cada dia basta a sua pena; «o pão nosso de cada dia nos dai hoje». No fundo, podemos ver o maná, que não se podia guardar para o dia seguinte, pois não se conservava. O presente é o tempo da Presença. E o futuro? A Presença não nos faltará; estará aí em cada momento: sem ela não existiríamos. O futuro com o qual devemos nos preocupar é «o Reino de Deus e a sua justiça», ou seja, o domínio universal do amor. Nós o esperamos na certeza de que virá e que será o perdão de tudo o que lhe é contrário. Jesus viveu desta confiança ao longo de toda a sua vida. Manifestou-a claramente na morte de Lázaro (João 11). Mais tarde, não hesitou em seguir o caminho que o levou à morte. Em Lucas, as suas últimas palavras são: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». O seu espírito, quer dizer, a sua vida. Nas mãos de Deus, que é «Pai», ela estará em segurança. Esta segurança no futuro é que funda a nossa confiança no dia de hoje.

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara)

 

Não à idolatria do dinheiro

O dinheiro, convertido em ídolo absoluto, é para Jesus o maior inimigo para construir esse mundo mais digno, justo e solidário que Deus quer. Fazem já vinte séculos que o Profeta da Galileia denunciou de forma rotunda que o culto ao dinheiro será sempre o maior obstáculo que encontrará a humanidade para progredir para uma convivência mais humana.

A lógica de Jesus é esmagadora: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Deus não pode reinar no mundo e ser Pai de todos sem reclamar justiça para os que são excluídos de uma vida digna. Por isso não podem trabalhar por esse mundo mais humano pretendido por Deus os que, dominados pela ânsia de acumular riqueza, promovem uma economia que exclui os mais débeis e os abandona à fome e à miséria.

É surpreendente o que está sucedendo com o Papa Francisco. Enquanto os meios de comunicação e as redes sociais que circulam pela internet nos informam, com todo o tipo de detalhes, dos gestos menores da sua personalidade admirável, se oculta de forma vergonhosa o seu grito mais urgente a toda a humanidade: “Não a uma economia da exclusão e da iniquidade. Essa economia mata.”

Francisco não necessita de grandes argumentações nem profundas análises para expor o seu pensamento. Sabe resumir a sua indignação em palavras claras e expressivas que poderiam abrir a informação de qualquer telejornal ou ser título da imprensa em qualquer país. Só alguns exemplos.

“Não pode ser que não seja notícia que morre de frio um idoso no meio da rua e que o seja a queda de dois pontos na bolsa. Isso é exclusão. Não se pode tolerar que se deite comida fora quando há pessoas que passam fome. Isso é iniquidade.”

Vivemos na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano. Como consequência, “enquanto os ganhos de uns poucos crescem exponencialmente, os da maioria ficam cada vez mais longe do bem-estar dessa minoria feliz”.

“A cultura do bem-estar nos anestesia e perdemos a calma se o mercado oferece algo que todavia não compramos, enquanto todas essas vidas truncadas por falta de possibilidades nos parecem um espetáculo que de nenhuma maneira nos altera.”

Quando o acusaram de comunista, o Papa respondeu de forma rotunda: “Esta mensagem não é marxismo, mas sim Evangelho puro”. Uma mensagem que tem de ter eco permanente nas nossas comunidades cristãs. O contrário poderia ser sinal do que diz o Papa: “Estamos nos tornando incapazes de nos compadecermos com os clamores dos outros e já não choramos ante o drama dos outros”.

José Antonio Pagola


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